CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia)
Sobre a crônica “A ÉTICA DE DEUS”, sofri
uma séria reprimenda de meu filho. E, como ele mora longe, o fez por e-mail.
Não a traria aqui se ela não fosse
lógica, racional e erudita.
Mais específico, sem detalha-la toda,
ele diz que se admito um Deus que esteja fora do homem, equidistante de todas
as coisas que permeiam este mundo, nem sentido existe em falar em “ética”, já
que esta é uma criação humana e, portanto, além e aquém de Deus.
Seria, como alguns pregadores de
esquina: “A Lei de Deus”.
Claro que se não há a “Lei de Deus”,
dar-se-ia uma besteira falar desta “Lei”, seja lá em que religião for.
Existe Lei dos homens, Ética dos homens.
Mera interpretação nossa sobre isso e aquilo, sobre um comportamento e outro.
No mais é chover no molhado, é bater boca sem nexo algum.
Quando citei a gravidade, que é uma Lei
física universal, ele rebateu.
“Nada mais simples que anular a
gravidade, pois dois polos iguais se repetem e é o que vemos nos chamados “trens
balas”, os quais trafegam a mais 300 km. por hora levitando sobre os trilhos”. E
disse ainda: “Que em uma mera roda girando em um parque, a gravidade é anulada
vindo os corpos a colarem literalmente na parede desta roda de brinquedos.”
Recuei e citei Darwin na Evolução das
Espécies.
Foi pior: “Darwin fez leis para este
planeta. Não para o universo”.
Tentei argumentar: “Até os confins do
universo galáxias devoram-se...É Darwin.”
Ele indagou: “Quem lhe disse isso? Quem
lhe afirmou que uma galáxia supostamente devoradora de outra não está na
verdade sendo devorada?”
E concluiu, arrematando:
“Qualquer pregador que avançar em sua
pregação sobre estas e outras análises, é um tolo. Na verdade um Ser “in
extremis” foge de nossa compreensão tosca e não afinada com coisa alguma.”
He!
Pensei: “Deus está aquém e além do
homem. Não vale a pena discutir. “
Senti-me ridículo.
Um bom fim de feriado.
J. R. M. Garcia.
<martinsegarcia@uol.com.br>